A verdade é que a mensagem da cruz — ou melhor, de “tomar a sua cruz” — está cada vez mais escassa.
Mas por que isso acontece?
A Bíblia, por sua vez — que é o nosso manual de vida e de fé (Sl 119,105) — já nos diz com exatidão:
“…Porque virá tempo em que não sofrerão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme as suas próprias concupiscências…” (2 Timóteo 4:3).
Com isso, os ensinos acerca de “tomar a sua cruz” têm diminuído, e ainda existem muitas pessoas que não tiveram a oportunidade, o desejo ou a curiosidade de entender o que significa “tomar a sua cruz”.
Por isso, neste artigo, você vai entender o verdadeiro significado dessa expressão e fará comigo um estudo sobre a passagem de Marcos 8:34-35.
Vamos lá?




Para quem é a mensagem de “tomar a sua cruz”?
Jesus começa seu glorioso sermão acerca de “tomar a sua cruz” “…chamando a si a multidão, com os seus discípulos” (Mc 8:34), já nos deixando claro que a mensagem da cruz é para todos — não limitada apenas a um grupo.
A cruz é uma verdade tanto para os que já são discípulos quanto para os que ainda não são.
Todos são convidados a “tomar a sua cruz”.
A grande questão que muitas vezes conflita com o entendimento humano é que a mensagem da cruz não é uma mensagem dócil, fácil de ouvir ou que “amacia a carne do homem”.
Muito pelo contrário.
A mensagem de “tomar a sua cruz” é uma verdade dura.
Inclusive, o ministério de Jesus foi amplamente rejeitado justamente por pregar essas verdades a respeito do Reino de Deus.
Em outro momento, após uma pregação de Jesus, alguns disseram: “Duro é este discurso; quem o pode ouvir?” (Jo 6:60).
Muitos abandonaram nosso amado Mestre por não suportarem as palavras do evangelho.
E isso não aconteceu porque Jesus queria, propositalmente, estreitar o caminho — na verdade, essa é a essência da Palavra.
Jesus, sendo o Verbo encarnado (Jo 1,1), pregava tudo aquilo que o Espírito lhe direcionava:
“Não é a minha palavra como fogo, diz o Senhor, e como um martelo que esmiúça a penha?” (Jr 23:29).
Se você quiser ir ainda mais fundo, verá que a maioria das mensagens de Jesus era considerada “dura”:
“Se alguém não estiver em mim, será lançado fora, como a vara, e secará; e os colhem, e lançam no fogo, e ardem” (Jo 15:6).
Essa é a mensagem que Jesus pregou: a mensagem do Reino. Essa é a verdade, e é essa verdade que liberta (Jo 8:32), transforma e salva o pecador.
E o Senhor Jesus precisou ensinar para eles porque ainda não haviam compreendido o que era, de fato, o evangelho — nem o que significava “tomar a sua cruz”.
A prova disso é que, se você observar alguns versículos anteriores, verá que, quando o Mestre começou a ensinar sobre o que haveria de padecer para nos salvar — e que ressuscitaria ao terceiro dia —, Pedro se levantou e disse:
“Senhor, tem compaixão de ti; de modo nenhum te acontecerá isso” (Mt 16:22; Mc 8:32).
Jesus, de forma bem assertiva, repreende o agir de Satanás na vida de Pedro (Mc 8:33), mostrando que passar pela cruz era necessário e fazia parte da vontade do Pai (Jo 18,11).
E tudo isso aconteceu logo no início da ministração do Senhor.
Agora, vem comigo e vamos entender se “tomar a sua cruz” é uma escolha ou uma obrigação.
Me acompanhe!




“Tomar a sua cruz” é uma escolha ou uma obrigação?
Após chamar a multidão e os discípulos, Jesus faz o convite mais sublime que conhecemos: o convite a “tomar a sua cruz”.
Mas, antes disso, Ele coloca uma condição — e essa condição é uma escolha, não uma obrigação.
Ele diz: “Se alguém quiser vir após mim” (Mc 8,34).
Repare que Jesus não disse: “Vocês têm que…”. Ele não obrigou ninguém.
Ele fez questão de mencionar “Se”, mostrando que cada um tem o direito de escolha: entre o bem e o mal, a luz e as trevas, a vida eterna e a perdição eterna, segui-Lo ou não.
Somente se alguém quiser segui-Lo, então, aí sim, tome a sua cruz.
Nosso amado Jesus nunca escondeu nada de ninguém, nem mesmo as verdades mais profundas a respeito da salvação — como no caso de “tomar a sua cruz”.
As pregações de Jesus não eram antropocêntricas (centradas no homem), nem mercantilistas, como infelizmente vemos em muitos púlpitos hoje, onde se promete casa, carro, fama.
A mensagem de Cristo sempre foi verdadeira, sem distorções:
“No mundo tereis aflição” (Jo 16,33),
“Sê fiel até à morte” (Ap 2,10).
Sim, eram mensagens que confrontavam o homem.
E Ele mesmo segue dizendo o que seria necessário para “tomar a sua cruz”:
“…negue-se a si mesmo, e tome a sua cruz, e siga-me.” (Mc 8,34).
Ou seja, “tomar a sua cruz” é negar-se a si mesmo, dizer “não” para si mesmo, renunciar às vontades e desejos da carne — e segui-Lo.
Mas vamos entrar um pouco mais no que significa “tomar a sua cruz”.


O que significa “tomar a sua cruz”
A cruz, sem dúvidas, simboliza dor, sofrimento, rejeição, vergonha e, principalmente, a morte (Fl 2,8).
O crente, quando escolhe tomar a sua cruz e seguir o Salvador, abraça três tipos de lutas e sofrimentos que terá de carregar consigo até o último dia de sua vida.
1. A luta contra o pecado
Quem toma a sua cruz é chamado a renunciar a si mesmo, mas também ao pecado (Gl 5,24).
Isso significa uma separação constante das obras pecaminosas.
Todos os dias somos tentados e incentivados a pecar, porém, até o nosso último fôlego — ou seja, até a nossa morte — devemos dizer “não” ao pecado (Rm 8,13).
Essa já é, por si só, uma batalha difícil, mas não para por aí.
2. A luta contra Satanás
Além do pecado, assumimos também a luta contra Satanás (Ef 6,12).
Ele é o inimigo de nossas almas, que tenta constantemente nos afastar da presença de Deus. Esse usurpador veio para roubar, matar e destruir a vida do fiel (Jo 10,10).
Por isso, é comum vermos que, quando uma pessoa aceita a Jesus, as provações e dificuldades parecem aumentar. Isso acontece porque se inicia uma batalha espiritual intensa, onde o inimigo tenta impedir o agir de Deus na vida daquela pessoa.
3. A inimizade com o mundo
Por fim, tomar a cruz também significa viver em inimizade com o mundo.
Quando tomamos nossa cruz, estamos indo na contramão do sistema mundano.
Deixamos de nos conformar com ele (Rm 12,2) e passamos a ser amigos de Deus, o que automaticamente nos torna inimigos do mundo:
“…não sabeis vós que a amizade do mundo é inimizade contra Deus? Portanto, qualquer que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus.” (Tg 4,4).
Tudo isso parece impossível, não é mesmo?
Mas graças ao nosso bom Deus, que nos ajuda a cada dia (Is 41,10), recebemos forças d’Ele, que nos levanta sempre que necessário, nos consola com o Divino Consolador (Jo 14,16) e nos guia pela Sua fiel Palavra (Sl 119,105).
Fico feliz que você chegou até aqui.
É claro que neste artigo trouxemos o essencial sobre o que significa “tomar a sua cruz”, mas poderíamos falar muito mais, pois a cruz vai além do que conseguimos imaginar.
O sacrifício de Jesus na cruz nos trouxe infinitos benefícios — aos quais não somos dignos.
A cruz mais pesada Ele já carregou em nosso lugar.
A nós, basta segui-lo e tomarmos a nossa cruz até trocá-la por uma coroa (Tg 1,12).
Eu estou pronto! E você?
Deus abençoe!
Gostou do artigo e quer conhecer mais da Palavra de Deus? Leia também: Como ler a Bíblia: por onde começar?


A graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo sejam com vós todos. Amém!
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